MAIS INFLUENTES QUE O MICKEY

AS CELEBRIDADES INFANTIS começam a dominar a lista dos mais populares youtubers. Entre os cinco mais populares no mundo, três são a ucraniana Diana, de apenas 8 anos, os russos Vlad e Niki, de 10 anos, e Nastya, de 8 anos. Cada um soma quase 300 milhões de assinantes em diversos países – um montante que quintuplicou desde 2020. Com vídeos com diálogos simples, o que facilita a dublagem, e a participação dos próprios pais e irmãos, eles atingiram um estágio inédito. Atualmente essas crianças se tornaram, elas mesmas, marcas conhecidas mundo afora. Nos Estados Unidos, para onde se mudaram com suas famílias após a fama, possuem brinquedos de marca própria e centenas de acordos de licenciamento. “Essas crianças, que começaram com vídeos de brincadeiras, hoje têm mais influência do que Mickey Mouse”, disse

Eyal Baumel, especialista em marcas e personalidades do Youtube para o jornal americano The Wall Street Journal.

Com produtos que vão desde bonecas e carrinhos até linha de maquiagem, vestuário, itens escolares e alimentação, os influenciadores mirins arrebatam curtidas e uma fortuna ao comercializar os produtos em grandes varejistas dos Estados Unidos, como Walmart e Target, e em diversos países pela Amazon, por exemplo. Com apelo no mundo todo, as crianças possibilitam a criação de uma franquia global sem que um grande estúdio precise investir. São super-heróis sem grandes custos.

Marcos Bedendo, professor de branding da FIA, Ibmec e ESPM e sócio-consultor da Brandwagon Consultoria de Marca, explica que os influenciadores têm o seu próprio canal de mídia a favor. “As celebridades do passado, mesmo tendo um poder de comunicação atrelado a elas, precisavam, junto com as empresas parceiras de fabricação e distribuição, pagar por anúncios para dizer que os produtos existiam. Hoje elas podem divulgar “de graça” nos seus próprios canais, com milhões ou até dezenas de milhões de seguidores. Isso diminui muito o custo de venda dos produtos e faz com que eles possam ser testados com menos investimentos. Se der certo, continuam a vender, se não der, são retirados de linha sem grandes prejuízos”, diz.

No Brasil também há exemplos de influenciadores mirins. Os irmãos Maria Clara e JP são ovacionados pelas crianças. A família carioca mudou-se para Orlando, nos Estados Unidos, por conta da fama dos filhos. Com mais de 40 milhões de inscritos no Youtube e uma média de 17 milhões de visualizações diárias, eles possuem cerca de cem produtos nas mais diversas linhas (brinquedos, escolar, vestuário, editorial, festas, entre outros) licenciados pela Ziggle Licensing. “O público infantil é mais influenciado pelas questões emocionais dos produtos, já que eles os escolhem pela diversão e sensações que geram”, diz Bedendo. É uma brincadeira que também dá lucro.