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QUEBRA DE TABU

A fabricante Verdemed, especializada no desenvolvimento de medicamentos à base de canabidiol, tem hoje 12 produtos em análise pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Se aprovados, os consumidores brasileiros poderão comprá-los nas farmácias do país ainda neste ano. Para o fundador, José Bacellar, 46 anos, já passou da hora de deixar o preconceito com a maconha medicinal de lado. Desde junho do ano passado, o projeto de lei 399/15, que autoriza o cultivo da cannabis sativa no Brasil para fins medicinais, está parado na Câmara dos Deputados. Com a aprovação, esse mercado poderá movimentar cerca de R$ 9,5 bilhões no país até 2025. ÉPOCA NEGÓCIOS O senhor acredita que os medicamentos à base de canabidiol poderão ser usados para tratamento de outras doenças além da epilepsia e das dores crônicas, que já tiveram sua eficiência comprovada? JOSÉ BACELLAR Estamos desenvolvendo um estudo, em parceria com o Incor, com evidências de que o canabidiol pode ajudar pacientes com insuficiência cardíaca crônica, no alívio de sintomas como fraqueza e inchaço. Em breve começaremos testes com uma grande amostra de pacientes e, dentro de um ano e meio, já teremos uma resposta. Há um grande número de estudos sendo desenvolvidos em vários países para o tratamento de doenças do sistema nervoso como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e fobias sociais.

NEGÓCIOS Quantos produtos a Verdemed pretende trazer para o Brasil?

BACELLAR Atualmente temos 12 produtos em análise na Anvisa. A entrada desses medicamentos, que poderão ser adquiridos em qualquer farmácia, acabará com a compra de produtos do exterior que chegam ao país com origem duvidosa. A expectativa é que as vendas para o mercado interno em 2022, considerando farmácias e governos estaduais, alcancem a marca de R$ 100 milhões. Se considerarmos os mais de 50 mil pacientes que importam esses produtos, pagam caro e são obrigados a esperar muito tempo para recebê-los, estamos falando de um mercado de R$ 300 milhões neste ano.

NEGÓCIOS É mais difícil para uma startup que produz maconha medicinal atrair investidores? BACELLAR Os investidores têm restrições por conta da falta de informação sobre o assunto, mas quando entendem os benefícios dos medicamentos, mudam de postura. Geralmente encaram como investimento de risco, já que se trata de uma indústria regulamentada. Por isso é preciso encontrar investidores dispostos a esperar mais tempo do que a média das startups para ter o retorno do seu capital. No começo da operação captamos US$ 9 milhões, e para este ano buscamos mais US$ 5 milhões para concluir a primeira fase do nosso projeto e alcançar o break even.

ESPECIAL SAÚDE

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2022-06-08T07:00:00.0000000Z

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