Epoca Negocios

Editorial

Sandra Boccia | Diretora de Redação SANDRA BOCCIA

DAVID BOWIE NASCEU em 1947. Teria 75 anos hoje. Morreu aos 69, como um dos artistas mais inovadores de todos os tempos. No dia de sua morte, 10 de janeiro de 2016, escutei Hunky Dory 400 vezes, o dia inteiro. Ground Control to Major Tom. Bowie era o futuro do presente. Não podia morrer. Sua partida, assim como a de todos os grandes, parecia deixar o mundo mais árido, antigo e sobretudo menos surpreendente. A fluidez entre os gêneros, entre o fantástico e o real. Uma gravação no espaço. Anos 1970. Estava tudo lá, entre linhas e entrelinhas estranhas e melodias absolutamente encantadoras. Isso, o encanto. Precisávamos reencontrar o encantamento e oferecer a você, em revista, 50 anos depois de Life On Mars, uma coletânea de ideias realmente inovadoras. Até porque não é possível que o futuro seja sinônimo somente das empresas do ruidoso empreendedor que vai colonizar Marte. Ok, ok. Não me condene: acompanho Elon desde seus tempos de Paypal. Fiquei intrigada quando ele ofereceu US$ 100 mil per capita para universitários largarem os estudos, em 2011. O que ele ganharia com isso? Mídia, claro. E fiz uma aposta que em um dia não tão distante ele seria um magnata das redes sociais. Um prognóstico óbvio, dado seu apego aos holofotes e a rivalidade com Mark, atual Meta. Pena que apostei só um lanche do Zé, dono da lanchonete dos galpões do Jaguaré, que serviu de sede para nossa redação, nas bordas da capital paulista, por anos a fio. Na nossa seleção de 150 empresas inovadoras, portanto, você não vai encontrar Spacex, Tesla, Hyperloop, Neuralink, Starlink, Solarcity, The Boring Company (!). Ah, nem Twitter. Procuramos por empresas que se importam mais com resultados e menos com polêmicas e holofotes.

Vasculhamos e encontramos companhias que, discretamente, estão redesenhando o mundo tal como o conhecemos neste inverno de 2022. Tem metaverso? Tem. Tem carro voador? Tem também. Tem hambúrguer que não é hambúrguer? Claro que sim. Mas tem muito mais. Nosso conceito foi o de rastrear aquelas

empresas que já provaram seu conceito, e seguem redefinindo mercados.

Tome por exemplo a Tandem, que reúne a galera presencial e virtual em um só lugar. É ou não é uma maravilha? Ou a Proto Inc, que nos permite ver e ouvir pessoas por meio de hologramas, e ganhou a 24ª edição do SXSW Innovation Awards, realizada neste ano, na categoria “Inovação na Conexão de Pessoas”. Não vejo a hora de experimentar. Dá orgulho também de ver brasileiras brilhando ao lado das gringas, como a Gran Cursos, a Loud e a Qranio. Vi nascer grande parte delas, com o encantamento de quem segura um bebê. E juro que caiu mais de uma lágrima dos meus olhos quando André Stein, CO-CEO da startup mascote da Embraer, a Eve, disse que em breve iremos nos deslocar pelos céus ao preço de uma corrida de táxi. Sério esse bilhete? Fé no futuro: só a inovação – e a arte – salvam.

SUMÁRIO

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2022-06-08T07:00:00.0000000Z

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https://epocanegocios.pressreader.com/article/281565179408148

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