Epoca Negocios

UNICÓRNIOS DO BRASIL

*até 24/11/2021; and counting

SEGUNDO a estatística, a maioria das startups, quando consegue passar do estágio de potro, vira mesmo é um pônei. Mas algumas poucas vislumbram o pote no final do arco-íris e acabam sendo comparadas a um cavalo chifrudo, também conhecido na mitologia como unicórnio. Para ganhar esse selo, tem que ser agraciado pelo mercado de venture capital com valuation acima de US$ 1 bilhão. O curioso é que lucro não faz parte desse jogo quando se trata de unicórnios. São como bebês que precisam se alimentar dos investimentos para crescer o mais breve possível, de preferência, reinventando produtos e serviços e incomodando os players de um mercado tradicional.

Não sei se é por causa da inflação, mas até parece que anda mais fácil alcançar esse status internacionalmente, em que as portas se abrem e pode-se contratar sem barganhas back-end, front-end, product lead, tester, enfim, o time disputado globalmente a preço de caviar.

A despeito do desemprego, da pobreza e do desencanto com o país do futuro, o fato é que agora os representantes verde-amarelos não param de pulular. O nosso rebanho chega à admirável marca de 18* nos últimos três anos. Pode parecer pouco, sobretudo se compararmos com China e Estados Unidos, mas se trata de um feito fantástico, considerando as cerca de 18 mil startups hoje em operação no país. É que a estatística mostra que metade delas (50%) morrerá ainda na infância, com menos de quatro anos de vida.

Os empreendedores do topo da pirâmide, com direito a ostentar o chifre colorido, sabem quão longa é a estrada para chegar lá. Eles estão mais para o unicórnio que a ciência diz que existiu de verdade, feioso, peludo, desproporcionalmente chifrudo, do que para aquele ser encantador. É quase um Squid Game sobreviver ao vale da morte, a dilemas pessoais e familiares, falta de capital ou excesso de capital, mudanças de mercado, regulamentação, sociedade, investidor, crescimento acelerado e pragas piores que as do Egito.

Por isso, nesta edição, quisemos ouvir os fundadores dessas empresas, esses administradores que não costumam ter paralelo no mundo corporativo e que vêm ganhando alguns superpoderes na sociedade. Mas grandes poderes sempre chegam com grandes responsabilidades, e acompanharemos se essa geração e seus investidores manterão seus chifres reluzentes diante da crescente cobrança de ESG, do apagão de mão de obra e dos modelos de negócio em si. Os unicórnios fazem parte de fantásticas fábulas medievais. Eram seres mitológicos, representantes de força e pureza. Mas o que significa ser um deles no Brasil de hoje, ainda que no plano simbólico? Com a palavra, os founders. Boa leitura – e nos encontramos nas redes sociais, no Opensea e na CBN.

EDITORIAL

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2021-11-30T08:00:00.0000000Z

2021-11-30T08:00:00.0000000Z

https://epocanegocios.pressreader.com/article/281513639431076

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